O que é um estilo de cerveja? É um conjunto de características que somados atribuem uma identidade a cerveja. Suas características são: Atributos subjetivos, técnicos, geográficos, culturais e o contexto histórico. Assim, podemos descrever a cerveja de acordo com seu aroma, aparência, flavor, sensação na boca, cor (EBC ou SRM), amargor (IBU), graduação alcoólica, extrato inicial e final.
Porém, nenhum mestre cervejeiro chegou à cidade de Pilsen na Republica Tcheca e disse a população: “A partir de hoje quem quiser fazer cerveja vai ter que produzir uma cerveja clara, de baixa fermentação, leve, com muito lúpulo da cidade de Zatec (ao norte de Pilsen), com graduação alcoólica por volta de 5,0%, etc.” Pelo contrário, um estilo de cerveja surge depois de muitos anos de produção em uma determinada região e de forma espontânea, levando-se em conta as matérias primas da região, o processo de fabricação, questões legais e políticas, religião, o momento histórico que o mundo ou a região vive e assim com a repetição do processo e dependendo da aceitação do público, começa a surgir um estilo de cerveja, envolvendo muitas gerações e mudanças. Portanto, quando colocamos em um copo uma Belgian Dubbel (ou qualquer outro estilo), não estamos bebendo apenas uma bebida alcoólica e sim todo este contexto envolvido na formação de um estilo.
Atualmente, temos muitas competições onde as cervejas são avaliadas de acordo com o seu estilo, por isso, a maioria das cervejarias fabrica cervejas tentando reproduzir algum estilo consagrado. Todas as cervejas da Bamberg são reproduções de estilos alemães.
Algumas vezes vejo pessoas levantando a bandeira da “falsa” criatividade e criticando os etilos de cerveja como uma coisa conservadora, retrograda. Sou totalmente a favor do surgimento de novas cervejas, que num futuro poderão tornar-se até novos estilos. Porém, coisas como, Pilsen Ale, Pilsen Escura, Pilsen com 9,0% de álcool, Bock Ale, Stout Marrom, qualquer pessoa familiarizada com estilos de cerveja sabe que estas cervejas estão com nomes errados, e que talvez até já se enquadrem em estilos já existentes, como, Kolsch, Schwarzbier, etc.
Criatividade é fazer uma cerveja que ao invés de adicionar lúpulo, adiciona-se radicchio, como é o caso de uma cervejaria de Treviso, na Itália, tradicional região produtora de radicchio, ou como uma cerveja japonesa que experimentei, feita de arroz vermelho, ou ainda, próximo de nós, a cervejaria gaúcha que utiliza erva mate. Estes e muitos outros mundo a fora, são exemplos de inovação, criatividade, e quem sabe num futuro, precursores de novos estilos. Resumindo: pizza Marguerita sem manjericão, nada mais é que pizza de mussarela.
Tomara que cada vez mais apareçam novos estilos de cerveja, pois o ser humano esta sempre mudando e inventando, mas vamos exaltar realmente a inovação e não a enganação.