quinta-feira, 30 de abril de 2009

Restaubar 2009



Nesta semana estivemos participando da Restaubar 2009, uma feira em São Paulo, que reuniu profissionais de bares, restaurantes, hotéis, além, de universidades, chefs, sommeliers, barman e curiosos.


A Bamberg foi a única microcervejaria a ter um stand na feira, levamos os chopes Pilsen, Schwarzbier e Rauchbier, este último despertando muita curiosidade da imprensa e dos participantes.


Além dos contatos comerciais, pudemos encontrar muitos amigos na feira, nossos clientes de São Paulo e Sorocaba.

Gostaria de agradecer a todos que vieram nos visitar.
Agora é aguardar a tão esperada Brasil Brau 2009, feira do setor cervejeiro que reunira um grande número de cervejarias, fabricantes de equipamentos, insumos, matérias-primas, etc.







quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ovo de Colombo?


O que é um estilo de cerveja? É um conjunto de características que somados atribuem uma identidade a cerveja. Suas características são: Atributos subjetivos, técnicos, geográficos, culturais e o contexto histórico. Assim, podemos descrever a cerveja de acordo com seu aroma, aparência, flavor, sensação na boca, cor (EBC ou SRM), amargor (IBU), graduação alcoólica, extrato inicial e final.

Porém, nenhum mestre cervejeiro chegou à cidade de Pilsen na Republica Tcheca e disse a população: “A partir de hoje quem quiser fazer cerveja vai ter que produzir uma cerveja clara, de baixa fermentação, leve, com muito lúpulo da cidade de Zatec (ao norte de Pilsen), com graduação alcoólica por volta de 5,0%, etc.” Pelo contrário, um estilo de cerveja surge depois de muitos anos de produção em uma determinada região e de forma espontânea, levando-se em conta as matérias primas da região, o processo de fabricação, questões legais e políticas, religião, o momento histórico que o mundo ou a região vive e assim com a repetição do processo e dependendo da aceitação do público, começa a surgir um estilo de cerveja, envolvendo muitas gerações e mudanças. Portanto, quando colocamos em um copo uma Belgian Dubbel (ou qualquer outro estilo), não estamos bebendo apenas uma bebida alcoólica e sim todo este contexto envolvido na formação de um estilo.

Atualmente, temos muitas competições onde as cervejas são avaliadas de acordo com o seu estilo, por isso, a maioria das cervejarias fabrica cervejas tentando reproduzir algum estilo consagrado. Todas as cervejas da Bamberg são reproduções de estilos alemães.
Algumas vezes vejo pessoas levantando a bandeira da “falsa” criatividade e criticando os etilos de cerveja como uma coisa conservadora, retrograda. Sou totalmente a favor do surgimento de novas cervejas, que num futuro poderão tornar-se até novos estilos. Porém, coisas como, Pilsen Ale, Pilsen Escura, Pilsen com 9,0% de álcool, Bock Ale, Stout Marrom, qualquer pessoa familiarizada com estilos de cerveja sabe que estas cervejas estão com nomes errados, e que talvez até já se enquadrem em estilos já existentes, como, Kolsch, Schwarzbier, etc.

Criatividade é fazer uma cerveja que ao invés de adicionar lúpulo, adiciona-se radicchio, como é o caso de uma cervejaria de Treviso, na Itália, tradicional região produtora de radicchio, ou como uma cerveja japonesa que experimentei, feita de arroz vermelho, ou ainda, próximo de nós, a cervejaria gaúcha que utiliza erva mate. Estes e muitos outros mundo a fora, são exemplos de inovação, criatividade, e quem sabe num futuro, precursores de novos estilos. Resumindo: pizza Marguerita sem manjericão, nada mais é que pizza de mussarela.

Tomara que cada vez mais apareçam novos estilos de cerveja, pois o ser humano esta sempre mudando e inventando, mas vamos exaltar realmente a inovação e não a enganação.


Quer aprofundar no assunto, visite o site: http://www.bjcp.org/

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Cervejeiro = Engenheiro + Artista


Gostaria neste primeiro post falar um pouco do que é ser cervejeiro. Não no sentido das horas em que ficamos numa sala de brassagem - que no verão poderia ser chamada de sauna de brassagem-, nem tão pouco da quantidade de sacos de maltes que carregamos, ou nos quantos banhos de fermentos já tomamos quando este entope a saída do tanque ao ser drenado. Gostaria de focar mais no lado romântico da história, olhar no produto final, a cerveja.
O cervejeiro é um engenheiro. Ao formular uma receita, usamos cálculos matemáticos na busca da cor, amargor, carbonatação, porcentagem de álcool e todas estas variáveis que determinam um estilo de cerveja. Devemos controlar o pH, a pressão do tanque, saber sobre bombas, troca térmica, etc. Todos estes dados devem ser controlados muito precisamente, por exemplo, pH = 5,55 não é igual a pH = 5,5, e são estes detalhes que vão somando-se para no final do processo fazer a diferença.

Porém, se a cerveja fosse só engenharia todas elas seriam muito parecidas, daí entra o lado mais impreciso, mais subjetivo, a arte.

Existem disponíveis no mercado mais de duas centenas de maltes diferentes. Ao tentarmos, por exemplo, fazer uma cerveja com a cor = 28 EBC, podemos atingir nosso objetivo por muitos caminhos, usando dois tipos de maltes apenas, ou usando seis tipos diferentes, e ao final, ambos terão a mesma cor em termos numéricos, mas sabor, aroma, e, dependendo dos maltes, até a cor visual totalmente diferentes. É através deste lado criativo que iremos construir a gama de sabores e aromas que uma cerveja possui. Não podemos esquecer que podemos fazer uma belíssima música com apenas três acordes, e nem sempre precisamos utilizar uma orquestra. Isso vai depender muito da ocasião, de quem queremos atingir e do que a história do estilo nos conta.

Muitas vezes a arte é interpretada como o lado oposto da engenharia, mas, para mim, que sou engenheiro por formação, estas duas ciências estão totalmente interligadas. Artistas ao fazerem suas obras muitas vezes utilizam a engenharia como o alicerce. Uma música é construída em marcações, uma poesia tem sua métrica, o quadro tem sua forma de traços, e do outro lado o engenheiro também utiliza a arte ao fazer a casa, o carro, o computador, etc. Assim acontece com a cerveja. Nós precisamos da base da engenharia para construir uma estrutura forte que suporte a arte do acabamento.