segunda-feira, 23 de abril de 2012

Reinheitsgebot - reflexões...


No dia 23 de abril de 1516 na cidade de Ingolstadt, o Duque da Bavária, Wilhelm IV assinava a lei mais importante para a história da cerveja, a Reinheitsgebot. Se olharmos o texto inicial ele apenas determina o preço da cerveja e os ingredientes que ela permitia fazer a cerveja: água, malte e lúpulo.
Com o passar dos anos ela mudou e muito, basicamente porque o mundo da cerveja também mudou, mas a alma dela foi mantida, apesar de varias versões sobre seu surgimento, uns dizem que foi para cercar quem não pagava os impostos na época, outros dizem que foi para proteger os padeiros, assim as cervejarias não usariam trigo e centeio, mas independente do motivo, o mais importante foi o resultado, ela melhorou a qualidade da cerveja na Alemanha.
Se compararmos com outra potência cervejeira da época, a Inglaterra, onde esta lei não existiu, notamos estilos se degradando, uso de drogas em cervejas, corantes, enzimas para acelerar o processo e o declínio de um país cervejeiro, que nos ultimos 20 anos luta para retomar o caminho da boa cerveja.
Paralelo a isso, outros pontos voltados à melhoria da qualidade da cerveja foram inseridos a Reinheitsgebot, o cervejeiro teve que melhorar sua técnica, pois tinha poucos ingredientes a trabalhar, os plantadores de lúpulos e as maltarias tiveram que estudar para trazer mais opções e diversidades nas matérias-primas, surgiram as escolas para formar os mestres cervejeiros, pesquisas, ciência, engenharia.
Em outros países já dominava a corrida para diminuição de custos sem limites, usando adjuntos, aceleradores de processo, conservantes, corantes, antioxidantes, até chegarmos nas cervejas claras das grandes cervejarias, quase água.
Por que conto toda esta história? Pois na década de 1980 começa um movimento nos EUA de ressurgimento das microcervejarias, na década de 90 e 2000 a inclusão de outras matérias primas, como frutas, ervas, vegetais, condimentos, etc., começaram a tomar conta de várias cervejarias artesanais americanas, não com o intuito de baratear a cerveja, mas sim pra somar nos aromas e sabores. Daí o que até então a Reinheitsgebot só tinha contribuído positivamente com a história da cerveja, ela começa a ser questionada, reclamações de que ela “engessava” o cervejeiro surgiram.
Vejamos que esta situação deu-se nos últimos 20 ou 30 anos, mas e agora? Olhando de fora da Alemanha e conhecendo bem esta escola cervejeira eu acredito que já acontece um movimento de mudança no país, acho que poucas inclusões ou alterações na lei seriam necessárias, por exemplo, liberar o uso de frutas, já que antes da lei tínhamos cervejas com frutas na Alemanha, acho que esta liberação deveria vir seguida de uma porcentagem máxima permitida de fruta, outro ponto que eu mexeria seria deixar claro que é permitido o uso de barris de madeira para fermentar ou maturar a cerveja, já que isso gera algumas duvidas, outros ingredientes não vejo a necessidade de ser incluso.
A ideia deste texto foi dar minha opinião sobre a Reinheitsgebot e sugerindo algumas melhorias a ela (sei que é muita pretensão minha sugerir melhorias a lei, mas...), mas é com muito orgulho que posso dizer que todas as cervejas da Bamberg seguem a Reinheitsgebot, porque a Bamberg só faz cervejas da escola alemã, não me sinto “engessado”, só é mais difícil fazer cerveja assim.

Ou seja, vamos celebrar a cerveja boa, sem preconceito, sem ditadura, temos mais de 150 estilos de cerveja no mundo todo e esta diversidade que faz a cerveja ser a bebida mais importante na história da humanidade.
Viva a Reinheitsgebot, o seu legado, sua história e tradição.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Bamberg Maibaum

No post anterior eu contei um pouco sobre a nossa nova cerveja, a Maibock, hoje falarei sobre o nome dela e a sua descrição sensorial.

Maibaum.
Na Bavária podemos ver na praça central das pequenas vilas ou até mesmo em grandes cidades como Munchen, um mastro pintado de azul e branco e com umas imagens e símbolos dependurado em sua extensão. Esse é o Maibaum, árvore de maio, todo dia primeiro de maio esse mastro é erguido e os símbolos nele presente são emblemas das profissões que existem na cidade. Como a nossa Maibock será uma cerveja sazonal, lançada anualmente todo dia 1 de maio, o nome escolhido para ela foi Bamberg Maibaum.
O rótulo dela foi feito pelo André Clemente e ele foi buscar como inspiração a árvore de maio que deu origem a tradição do Maibaum, aqui no Brasil é o outono, daí temos algumas folhas caindo da árvore, as palavras estão escritas em laranja, representando a cor da cerveja e as bandeiras com as cores da Bavaria penduradas nos galhos.

O rótulo, by Clementão.
Analise Sensorial da Bamberg Maibaum.

Visual: Coloração laranja, cristalina, espuma com boa formação e boa persistência.
Aroma: Do malte temos biscoito, mel e caramelo, dos 3 lúpulos diferentes utilizado nela temos floral, herbal, condimentado e cítrico.
Sabor: no começo temos a presença do malte, doce, caramelo e mel, logo em seguida o amargo do lúpulo entra equilibrando essa doçura, deixando ela refrescante.

Sensação na boca: cerveja encorpada, o teor alcoólico de 6,5% nos dá uma sensação de calor, porém o lúpulo equilibra com uma certa refrescância.

Harmoniza com comidas apimentadas, camarão, polvo, salsichas e noites de outono.
Temperatura ideal de consumo = 8°C a 10°C.

A cerveja, Bamberg Maibaum.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Agora é a vez da Maibock, outro lançamento da Bamberg


Muita gente confunde a palavra bock com a cor da cerveja, porém ela esta relacionada com o extrato original do mosto (OG), ou a grosso modo, com o teor alcoólico. O estilo Bock requer uma cerveja com teor alcoólico entre 6 e 8%, acima disso usamos o prefixo Doppel.
Dentro da família bock temos vários tipos de cervejas, nós fabricamos a Doppelbock, Weizenbock Dunkel e Weizenbock Helles.
Ano passado, conversando com meu amigo Diego Baião, entre muitas canecas de Mass e empadas de camarão, ele sugeriu que eu fizesse uma Helles Bock, pensei bem no assunto e achei que o melhor momento seria no mês de maio e daí ela passaria a ser uma Maibock, parece confuso, mas a Bock clara na Bavária pode ser tanto uma Helles bock, caso ela seja produzida o ano todo, como uma Mai (=Maio) Bock caso ela seja vendida no mês de Maio.

Vale lembrar que no mês de Maio no hemisfério norte esta começando a primavera, não tem-se ainda o calor do verão, mas a temperatura é amena o suficiente para que o Bávaro sente em um Biergarten e deguste sua cerveja preferida. A Maibock tem a força do álcool, mas por ser clara e ter uma lupulagem um pouco mais perceptível que a bock, ela consegue aquecer e ser refrescante ao mesmo tempo.
Aqui no Brasil as estações do ano são o inverso da Alemanha, mas a situação climática é parecida, estamos saindo do verão, temos dias de sol e calor e a noite a temperatura cai um pouco, ideal para uma cerveja um pouco mais alcoólica.
Portanto, vem aí a Maibock produzida pela Bamberg, a partir do dia 1 de maio, anualmente, uma cerveja sazonal, venderemos ela em chope, que deve ser encomendado com antecedência e em garrafas de 600mL.
No próximo post irei falar sobre o rótulo dela e principalmente, apresentar o nome desta cerveja que virá cheio de significados e histórias.