terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Andrew Howitt na Bamberg.



O ano de 2010 já começou com excelentes visitas internacionais, desta vez foi o jornalista britânico Andrew Howitt, membro do The British Guild of Beer Writers, contribuiu com vários livros sobre cervejas.

Andrew morou em São Paulo no final dos anos 90 e retornando ao Brasil no último ano ficou assustado em ver o crescimento das microcervejarias e agora esta desenvolvendo um projeto para divulgar a cena cervejeira do nosso país aos britânicos.

Na foto estamos degustando a última cerveja do dia, a famigerada “saideira”, depois de experimentar todos os estilos que a Bamberg produz, inclusive a inédita Weizenbock, guardei para o final a grande surpresa a Biertruppe Vintage Nº1, o inglês que já estava bravo comigo de tanto tomar cerveja alemã (brincadeira), ficou surpreso com a Vintage, uma Barley Wine inglesa, que maturou em barril de carvalho, cerveja esta que foi fabricada em janeiro de 2009 e infelizmente não conseguimos coloca-la no mercado ainda por “força maior”.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Estilos de cervejas.



O que é um estilo de cerveja? É um conjunto de características que somados atribuem uma identidade a cerveja. Suas características são: Atributos subjetivos, técnicos, geográficos, culturais e o contexto histórico. Assim, podemos descrever a cerveja de acordo com seu aroma, aparência, flavor, sensação na boca, cor (EBC ou SRM), amargor (IBU), graduação alcoólica, extrato inicial e final. Seria ao equivalente a raça de cães ou gêneros musicais.

Porém, nenhum mestre cervejeiro chegou à cidade de Pilsen, na Republica Tcheca e disse a população: “A partir de hoje quem quiser fazer cerveja vai ter que produzir uma cerveja clara, de baixa fermentação, leve, com muito lúpulo da cidade de Zatec (ao norte de Pilsen), com graduação alcoólica por volta de 5,0%, etc.” Pelo contrário, um estilo de cerveja surge depois de muitos anos de produção em uma determinada região e de forma espontânea, levando-se em conta as matérias primas da região, o processo de fabricação, questões legais e políticas, religião, o momento histórico que o mundo ou a região vive e assim com a repetição do processo e dependendo da aceitação do público, começa a surgir um estilo de cerveja, envolvendo muitas gerações e mudanças. Portanto, quando colocamos em um copo uma Belgian Dubbel (ou qualquer outro estilo), não estamos bebendo apenas uma bebida alcoólica e sim todo este contexto envolvido na formação de um estilo.

Os estilos de cerveja são úteis para o consumidor saber o que esperar do produto que ele esta comprando, ao ler no rótulo a palavra Pilsen nosso cérebro forma o conjunto de características aceitável a este produto. Quando você diz a um amigo que tem um Boxer em casa, ele imagina como é seu cachorro, porém ele pode ser dócil, agitado, marrom, ter orelhas para cima, etc., mas daí são variações que a raça possui.


Atualmente, temos muitas competições onde as cervejas são avaliadas de acordo com o seu estilo, por isso, a maioria das cervejarias fabrica cervejas tentando reproduzir algum estilo consagrado. Todas as cervejas da Bamberg são reproduções de estilos alemães. Por isso utilizamos todas as nossas matérias-primas e processo de fabricação oriundo deste país.

Algumas vezes vejo pessoas levantando a bandeira da “falsa” criatividade e criticando os etilos de cerveja como uma coisa conservadora, retrograda. Sou totalmente a favor do surgimento de novas cervejas, que num futuro poderão tornar-se até novos estilos. Porém, coisas como, Pilsen Ale, Pilsen Escura, Pilsen com 9,0% de álcool, Bock Ale, Stout Marrom, qualquer pessoa familiarizada com estilos de cerveja sabe que estas cervejas estão com nomes errados, e que talvez até já se enquadrem em estilos já existentes, como, Kolsch, Schwarzbier, etc.

Criatividade é fazer uma cerveja que ao invés de adicionar lúpulo, adiciona-se radicchio, como é o caso de uma cervejaria de Treviso, na Itália, tradicional região produtora de radicchio, ou como uma cerveja japonesa que é feita de arroz vermelho, ou ainda, próximo de nós, a cervejaria gaúcha que utiliza erva mate. Estes e muitos outros, mundo a fora, são exemplos de inovação, criatividade, e quem sabe num futuro, precursores de novos estilos.

Resumindo: pizza Marguerita sem manjericão, nada mais é que pizza de mussarela.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Georg Lechner Biermuseum

Eu, meu pai e Janaina trabalhando duro.
Não tenho dúvida que a cerveja é um meio que facilita conhecer novas pessoas e fazer amizade, isto é, podemos falar que a cerveja é uma enzima que agiliza a amizade.

Num dia desses recebi um email de uma pessoa da Alemanha pedindo rótulos, nós recebemos muitos emails destes todos os dias de todos os cantos do mundo, mas o que me chamou a atenção foi que ele era da cidade de Bamberg, mestre cervejeiro e dono de um museu de cerveja, o nome dele era Georg Lechner.

Georg Lechner nasceu em Bamberg, seu pai teve uma cervejaria e maltaria próximo de lá, atualmente ele trabalha na cervejaria Pott’s, localizada na pequena cidade de Oelde, próximo de Dortmund, lá ele cuida do museu da cerveja que esta dentro da cervejaria, no Georg Lechner Biermuseum, além de equipamentos, garrafas, canecas, encontramos uma coleção de rótulos antigos, onde até então era apenas de cervejarias da Alemanha, hoje a única cervejaria de fora é a Bamberg, o que para nós é uma honra. Além do museu Georg escreveu vários livros relacionados a rótulos antigos e cuida da recepção de turistas na Pott’s.

A única cervejaria fora da Alemanha presente na coleção.
Estava prestes a ir para Alemanha e disse isto a ele, foi então que ele me convidou a visitar seu museu e dormir dentro de seu barril-cama, onde apenas convidados especiais tem esta honra, naquele sábado ainda teria a sorte de participar de uma festa que teria dentro da cervejaria.

Foi então que num sábado eu, meu pai e Janaina chegamos à pequena Oelde, típica cidade do interior da Europa, ou seja, nada mudou nos últimos 500 anos pelo menos, a não ser a moderna fábrica da Pott’s, logo na entrada da cidade com um excelente restaurante, onde eles fabricam seus pães e embutidos. Fomos muito bem recebidos pelo Georg que mostrou ao meu pai o hotel onde ele dormiria e depois fomos para o museu onde ficamos degustando cervejas até começar a festa, que foi movida a muito Rock’n Roll e cerveja, claro. No final da noite aconteceu o momento mais esperado, eu e Janaina dormindo na cama-barril, não vem ao caso se era confortável ou não, foi uma experiência única, dormindo num barril dentro de um museu em uma cervejaria. Fui descobrir depois que muitos mestres cervejeiros esperavam sua vez de ser convidado para passar a noite lá.

Depois de beber o dia todo dormi como um anjo.

A festa na Pott's.

Georg é mais um soldado no mundo divulgando a cultura cervejeira e fazendo com que mais pessoas aprendam que dentro de uma garrafa não temos apenas um líquido, mas uma grande tradição e muita cultura.

Nosso amigo Georg.

http://www.georg-lechner-biermuseum.de/

domingo, 3 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo



Acabou 2009, para mim um ano marco na cultura cervejeira do Brasil e da Bamberg. Foi um ano que a cerveja artesanal brasileira ganhou muito espaço, tivemos ilustres especialistas de cerveja nos visitando, Randy Mosher, Conrad Seidl e Charlie Papazian.

No meio do ano aconteceu a Brasil Brau, feira que começou voltada as megas cervejarias e hoje o domínio total é nosso, das microcervejarias.

As Acervas ganharam força em seus estados, o concurso nacional delas foi realizado no Rio e apesar de varias coisas ainda por melhorar os cariocas deram show, foi o melhor até agora. A Acerva paulista se reorganizou e vem com um calendário excelente para 2010, temos cervejeiros caseiros “pipocando” pelo Brasil.

Demos um passo histórico junto com a Colorado e a Falke, formando parcerias em distribuição, mas principalmente lutando na divulgação da cultura cervejeira, provamos que quando se trabalha de forma ética e fazendo cerveja boa não existe concorrência.

No final do ano tudo isto foi coroado com a medalha no European Beer Star e o prêmio do Estadão de produto do ano.

Mas nem tudo foram flores, começamos o ano com a ameaça das microcervejarias acabarem devido o aumento do IPI, além disso, não conseguimos lançar nenhuma cerveja nova, o governo poderia tentar não atrapalhar, já que ele nunca ajudou mesmo.

O legal é que a cena cervejeira artesanal esta borbulhando, para 2010 teremos muitas surpresas, temos prontas receitas inéditas no Brasil e continuaremos a busca das raízes cervejeiras no continente europeu.

Pulei sete ondinhas no Guarujá pedindo: “EU QUERO LANÇAR CERVEJAS EM 2010, AJUDA AÍ ORGÃOS COMPETENTE!!!!”

Para encerrar gostaria de agradecer todos os nossos amigos que acabaram com o chope e a cerveja da Bamberg neste Natal e Ano Novo, não sobrou nada.
Feliz 2010!!!!!