terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Helles X Pilsen

Neste post vou tentar mostrar grandes diferenças em cervejas que parecem iguais, são elas, Pilsen Tcheca e Bavarian Helles.

Provavelmente, a cerveja Helles já era produzida em Munich antes da cidade de Pilsen produzir sua cerveja, isto porque em Pilsen eles tinham todos os ingredientes necessários à produção da cerveja Pilsen, exceto o fermento de baixa fermentação.



Bier garten em Munich.

Este fermento foi trazido de uma cervejaria de Munich para que fosse possível fazer a primeira batelada do estilo de cerveja que dominaria o mundo. Porém, tanto a Pilsen como a Helles são fabricadas basicamente com água, malte claro, lúpulo floral e fermento lager, o que então as difere?

A água de Munich é moderadamente dura, fazendo com que ressalte o amargor do lúpulo, escurece a cor da cerveja e aumenta a sensação de corpo, com isso, é notado que todas as cervejas da Bavária possuem um amargor médio, eles são precavidos com a adição de lúpulo, o IBU normalmente varia de 15 a 25, se compararmos a cor da Helles com a Pilsen, a cerveja Bávara é sempre um pouco mais escura.

Já na cidade de Pilsen a água tem dureza muito baixa, favorecendo a alta lupulagem, deixando a cerveja bem clarinha e bastante leve.


Plantação de lúpulo.

Mas não é apenas a água que influencia nestes estilos, a grande estrela da cerveja Pilsen Tcheca é o aroma floral de lúpulo Saaz, característica fundamental para o estilo, além dos 35 a 45IBU, que passa desbercebido, suave; na Helles o lúpulo também traz características florais, mas de outra região, ele deve ser de Hallertauer, todas as Helles que já bebi possuíam lúpulo desta região, pouquíssimas se arriscam fora dela, daí a outra opção é Spalt, raramente. Pra mim, quando você fala Helles vem na minha cabeça o aroma e o sabor de Hallertauer e Pilsen a delicia do floral do Saaz.

Ambas as cervejas usavam a tripla decocção na mostura, coisa que atualmente esta ficando cada vez mais raro. Outra coisa em comum nos estilos é a leveza de ambas, são cervejas para beber em quantidade.

Vale lembrar que existem cervejas Pilsen em todos os países que produz cerveja, porém normalmente, com menos lúpulo e mais leve, como é o caso das comerciais brasileiras, talvez seja o único estilo de cerveja que cada país fez a sua adaptação, mas isto será assunto para um outro post.

Faz um ano que minha receita da Bamberg Helles esta pronta, mas não posso fazer, nem ela nem outras 4 que estão passando pelos censores da ditadura cervejeira.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Que beleza!

Foto emprestada do blog do Bob.

Sou árduo defensor dos estilos de cerveja, porém acho legal alguns experimentos cervejeiros, tenho uma receita pronta e esperando (mais uma dentre 4 na espera) aprovação onde foi feita pensando em uma harmonização com um determinado jantar, outro tipo de experiência que venho fazendo com cada vez mais freqüência é a maturação em barris de carvalho, foi então inspirado na harmonização e nos barris que criei esta receita abaixo, ainda sem nome.

Quando fiz a primeira batelada da Bamberg Weizenbock, vi que a coisa demoraria a andar no que diz respeito a aprovação nos órgão competentes, então resolvi fazer um teste, coloquei uma parte dela pra maturar em barril de carvalho, fiz um dry hop e ela ficou por 4 meses maturando no barril, então fiz outra experiência, refermentei esta cerveja com fermento de espumante e no sábado dia 13 de fevereiro de 2010 tive a alegria de degustar o resultado final desta cerveja com meus amigos Edu e Bob e as respectivas, claro.

Foto emprestada do blog do Melograno.

A cerveja ficou fantástica, no aroma o lúpulo é marcante, misturando com as frutas passas, banana e malte, no sabor ela é complexa e refrescante, seca, nem percebe-se os 9,0% de álcool, uma maravilha de cerveja.

Tenho sorte, posso fazer o que eu quiser aqui na Bamberg, no que diz respeito a novos produtos, muitas vezes da certo e outras errado, mas isso é cerveja artesanal.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bamberg Rauchbier, mais um prêmio!!!!!!!

Chegou hoje nas bancas de todo o país a edição de fevereiro da revista Prazeres da Mesa, nesta esperada edição, eles elegem as 50 melhores cervejas, sejam elas nacionais ou importadas, a venda no Brasil, os jurados são pessoas ligadas a gastronomia, cerveja, vinho, donos de bares e restaurantes.

O Bamberg Rauchbier mais uma vez nos deu alegria, foi eleita a segunda melhor cerveja disponível aos consumidores brasileiro, concorrendo com lendas das cervejas no mundo, o primeiro lugar ficou com a escocesa Ola Dubh 40, seguido de muito perto pela nossa brasileira Bamberg Rauch e em terceiro a belga Chimay Grande Reserve, bom, nada mal as nossas companheiras.

Foi uma honra para nós esta colocação, pois a Prazeres da Mesa é a principal revista do setor de gastronomia no Brasil.

Na foto acima, não pude mostrar as top 10, pois não seria justo com a revista, quem visse aqui perderia o interesse em comprá-la.

Obrigado a todos os jurados que votaram em nós e principalmente a nossa equipe aqui da Bamberg que continua trabalhando duro, dia após dia, com o intuito de sempre melhorar.
Essa foi pra começar o ano com o pé direito.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Schwarzbier ou Dunkel, eis a questão?????????

Alguns estilos de cervejas acabam tornando-se um pouco confuso, sobrepondo características e se analisarmos de forma descuidada, temos a impressão de que seria desnecessária esta divisão, porém visto de forma mais profunda descobrimos que há muitas sutis diferenças entre eles. Um desses casos é a Munich Dunkel e Schwarzbier.

Quando a Bamberg lançou a Munchen, muitas pessoas me perguntavam qual era o estilo dela e quando eu dizia que era uma Dunkel a maioria achava estranho, pois ela é marrom e não preta, pois é justamente isto que começa a diferenciar um estilo do outro.

As Dunkel são sempre de marrom claro a marrom muito escuro, mas nunca preto, já as Schwarz são de marrom muito escuro a preto.

Quem “nasceu” primeiro foi as Dunkels, isto porque no passado a técnica de secagem do malte somado a água dura de Munich, faziam a cerveja ficar escuras, ou seja, marrom, com o tempo as cervejarias deixaram as Dunkels mais escuras ainda, pois começaram a surgir os maltes especiais, já a Schwarz, provavelmente são cervejas recentes, pois surgiram de uma variação das Dunkels, são tradicionais nas regiões da Francônia, Turíngia e Bohemia.

As diferenças não param por aí, no paladar pode-se notar que a Dunkel é marcada pela forte presença de malte caramelo, ressaltando o biscoito, pão, toffee, já a lupulagem é discreta, apenas para cortar a “doçura” do malte, são cervejas de corpo médio. A Schwarz é mais seca característica típica da utilização de maltes torrados, porém não se deve encontrar forte presença de sabores e aromas torrados, como as Porter e Stout, o que vale é o equilíbrio e sutileza de aromas e sabores de café, chocolate e toffee, presença mediana de lúpulo e corpo médio.

O engraçado é que a melhor Schwarzbier do mundo é brasileira e leva o nome de Dunkel, mas da pra entender, talvez alguns anos atrás fosse impossível colocar no rótulo uma palavra tão estranha como Schwarz.

É possível encontrarmos excelentes cervejas dos estilos Dunkel e Schwarz no Brasil, sejam eles fabricados aqui ou importados, vale a pena fazer uma degustação comparativa de ambos os estilos, esta é a forma mais gostosa de aprofundar-se no estudo de estilos de cerveja, sugiro as Bamberg Munchen e Bamberg Schwarzbier para fazerem parte deste estudo.